O domínio do conhecimento científico é historicamente masculino. Mesmo com a crescente inserção das mulheres nesse campo, pode-se dizer que a lógica de fazer ciência ainda está pautada em valores masculinizados. Nosso trabalho pretende mapear a percepção das engenheiras sobre suas escolhas pelas ciências exatas e por um campo profissional tradicionalmente masculino, a engenharia. A nossa hipótese de trabalho inicial afirmava que as escolhas das engenheiras durante sua trajetória acadêmica e profissional são dificultadas pela forte tendência à perpetuação da divisão sexual da educação superior, da ciência e do trabalho. O objetivo principal da pesquisa foi desvendar os argumentos que levam à naturalização da separação entre cursos de homens e cursos de mulheres, áreas de trabalho femininas e masculinas ainda que dentro da mesma área do saber ou do campo profissional. Para tanto, foi realizado estudo qualitativo com entrevistas semiestruturadas à sete engenheiras de diferentes áreas de uma empresa estatal, O uso da categoria gênero, de forma acrítica, contribui para a repetição de uma divisão binária «naturalizada» dos sexos. Fundada na procriação, a heteros sexualidade aparece como uma instituição política que definepapéis e status no social, criando corpos atrelados aos gêneros feminino e masculino. Constroem-se assim identidades fictíciasem torno do sexo biológico, erigindo a sexualidade em essência do ser. A utilização da categoria «heterogênero» aponta, em sua enunciação, para esta construção, dando lugar a perspectivas múltiplas de análise da construção do social.Palavras-chave: heterogênero; naturalização; sexualidade; identidade.

Autoría:
Anabelle Carrilho da Costa, Silvia Cristina Yannoulas

 

Editorial:
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

 

País:
Brasil

 

Año:
2011

 

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